quarta-feira, 11 de junho de 2008

Não sei o verdadeiro nome do desespero
mas calculo que as palavras que o compõem arranham na garganta,
deixam a boca em carne viva
e as feridas nunca cicatrizarão
porque até o tempo é impotente para o combater.
Alguns insistem em que é negro o desespero,
a cor do seu vazio interior,
mas a verdade é que ele é ausência.
Há verdadeiramente muitas coisas que não sei
e preferia não ter que sentir o desespero
porque nos deixa espinhos no lugar dos sentimentos.
Sabes, Emília, com quantos silêncios se preenche o desespero?
Talvez neste momento já conheças todas as respostas
mesmo para aquelas questões que nunca teremos coragem de colocar.
Talvez tenhas conseguido a serenidade que procuravas
e possas finalmente descansar.
Sabes, Emília, apesar de tudo a vida continua
e os dias vão-se sucedendo no calendário.
Talvez estejas apenas à minha espera
e nessa altura já não serão necessárias as palavras.