quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Meu amor, entre nós só há silêncios
e uma distância feita de tempos impossíveis,
falar de nós é como reinventar um deserto
e saber que o teu corpo é só areia e ausência de água.
Talvez os antigos deuses tenham previsto a nossa desgraça
mas não me consola que sejas apenas a Penélope da minha solidão.
Meu amor e eu que continuo a não acreditar na morte!
As palavras são relógios muito antigos,
clépsidras de água contemporâneas das sereias
que marcam o tempo do interior da consciência,
as palavras são pedras atiradas num concurso de paciência
que ganha quem finge não ser suas as que mais magoam,
as palavras podem ser nítidos silêncios,
ausência, saudade, murmúrio de um passado irreversível.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O silêncio das palavras é opressivo mas simultaneamente é consolador. O silêncio das palavras dói no corpo como um corpo ausente e no entanto é quase maternal esse espaço vazio, essa caverna onde podemos descansar. Espero, espero o tempo de retomar a viagem e partir nas caravelas das palavras nem que seja só no rumo das saudades.