domingo, 17 de julho de 2011

Os dias têm laminas de triturar memórias
e o que sobra é deformado pelas palavras.
Mesmo assim insisto em escrever
como se o que escrevo tivesse real importância
ou possa de alguma maneira recuperar as memórias perdidas.
Os dias alongam-se numa monotonia dolorosa
repetindo as horas, reduzindo os minutos a sonolências
e sobretudo fazendo-me acreditar que o tempo é circular.
Mesmo assim escrevo
ou melhor, é por isso que escrevo;
escrevo para recusar este tempo de cadáveres
e para impedir que em mim a memória se transforme em destino.