Fascinam os cães que desenterram os cadáveres
e mesmo depois de terem assassinado todas as crianças
numa repetição macabra do massacre de Herodes
e terem destruído a esperança dos que sobreviveram
continuo o espectador sereno e silencioso
sentado no café sem mesas nem cadeiras,
continuo a escrever nos cadernos vermelhos
mesmo que já não haja ninguém para os ler.
Não sou insensível aos mortos nem à morte,
não julgo que, por ser poeta, sou imortal
e escaparei às balas e ao ódio dos homens,
não transformei a minha vida num volume de poesias
mas confesso que me fascinam os cães famintos
e fico a olhá-los como se tudo se resumisse a eles.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
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1 comentário:
Gostei imenso. Deves continuar!!
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