sábado, 16 de outubro de 2010

Eu

Esgotei os dicionários para saber das palavras impronunciáveis,
esgotei-me na missão de explorar os silêncios,
perdi-me nos labirintos dos espelhos,
julguei que me encontrava no que diziam de mim
mas eram apenas ecos ou reflexos das minhas cavernas,
sei-me intermitentemente e em excesso,
persisto teimosamente na tarefa de não desistir
e recuso-me a contabilizar as perdas e os ganhos
porque a vida é mais do que uma questão de contabilidade.
Fui quem sou em muitas ocasiões diferentes,
fui muitos e no entanto permaneci o mesmo,
fui sem esgotar o ser, sempre em projecto,
sempre insatisfeito em busca de cumprir o sonho
ou os múltiplos sonhos que vou arquitectando.
Eu.
Podem as palavras expressar convenientemente a existência humana?

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