terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Julguei com as palavras construir mundos
para substituir os mundos de que não gostava
mas acabei por ser apenas colecionador de inutilidades.
As palavras amontoaram-se nas margens dos dias
e eu naufraguei nelas, perdi-me e encontrei-me,
fiz delas barcos, ilhas, pátios de descansar da vida,
arquitetei sonhos e destruí muralhas de impedir horizontes.
As palavras foram as minhas caixas de guardar segredos
mas agora, quando os quero recuperar,
descubro que as memórias já não são as mesmas
e que o tempo inexoravelmente torna as palavras nos espelhos de si mesmas.

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