quinta-feira, 5 de abril de 2012

O gato preto continua sentado no quintal vazio,
espaço onde certamente irão construir um prédio.
Quando isso acontecer, o gato terá que procurar outro lugar
para fazer as suas excursões soalheiras
e eu deixarei de o poder ver da minha janela
enquanto acerto o meu relógio pelas horas oficiais
e me preparo para mais um dia de trabalho.
Mas, por agora, o gato continua dono do seu espaço,
ironicamente alheio ao acertar do meu relógio
e às responsabilidades de quem precisa de trabalhar para viver.
Fecho a janela com raiva e nostalgia;
raiva por não poder ter a liberdade do gato
e nostalgia antecipada de quando o não poder ver.

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