quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Senhora, já não partem as naus
porque em teu lugar ficou a saudade,
os vestígios de um corpo em que naveguei,
As últimas imagens ficaram gravadas na memória,
não sei se havia velhos do Restelo a augurar a morte
e eu simplesmente não acreditava nas despedidas.
Senhora, é triste a tua ausência,
é um desespero saber que as naus não partem
e que alguma coisa ficou interrompida.
Senhora, fiquei sem porto e sem viagem,
Ulisses sem Penélope transformado em Minotauro
e dói-me esta inutilidade convertida em destino,
dói-me como um deserto ou uma muralha de vidro.
Senhora, já não partem as naus
e eu fiquei sozinho sem a companhia dos pássaros
que partiram para outros horizontes mais azuis.

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