quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Podem ser suaves os dias e ainda assim violentos
de uma violência surda que nos deixa magoados,
em ferida.
Tudo parece ser normal à nossa volta,
há sorrisos, as habituais conversas inofensivas,
há tudo o que é preciso para descrever a felicidade
mas no nosso interior o abismo cresce,
é um pântano onde se afogam os sonhos,
é uma prisão que nos impede a esperança.
No silêncio da nossa inutilidade há um rio de lágrimas,
as imagens da saudade são demasiado impositivas,
são cataratas que nos paralizam por dentro
e nos convidam à dissolução definitiva.
Apetece-nos partir todos os espelhos,
gritar, gritar até que tenhamos de gritos o corpo revestido.
São como pedras estes dias que passam lentamente,
têm a densidade das tragédias antigas
e a impenetrabilidade dos muros que circundam o vazio
mas é a memória que nos mantém vivos
e somos rios suspensos à espera de reencontrar a origem.

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