O tempo faz-nos esperar e desespera
com um desespero que é manso e é rebelde
e apetece ficar por dentro da janela
a espreitar a vida espelhada nos que passam.
O espectáculo do mundo pode ser narcótico,
náusea e consolo, substituição do que nos falta,
o espectáculo do mundo pode ser castigo
se os mesmos actores se repetem no palco
deixando-nos irremediavelmente por detrás da cortina
nos bastidores onde silenciosamente se adensam as sombras.
O tempo tem cismas de sentinela
e os relógios são objectos tão místicos quanto inúteis
porque medem do tempo apenas as suas superfícies.
Quando fecho a janela e baixo a persiana
o mundo fica em suspenso com o seu espectáculo
e só me tenho a mim em mim
porque o próprio tempo deixa de fazer sentido
na completa ausência de sentido que sou eu.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
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3 comentários:
Belas palavras!
Aqui nem parece o professor sádico, que tenta ser mau e que é irónico.
Aqui põe nos a chorar de tão comovidos que ficamos, lá choramos de tão mal tratados que somos. Ahhhh :D
FOFINHO!!!!
Vou ter saudades do seu sentido de humor, dos seus sapatos, das bochechas e do cabelo despenteado, dos berros. MENOS DE IR BUSCAR A MINHA CANETA AO LIXO!
HE HE
Nem preciso assinar!!! XD
Adorei stor :p
muito bonito!
Nunca pensei ver o meu professor de filosofia escrever coisas destas...
Será mesmo aquele stor que substima as mulheres, que ironiza tudo?
O stor ´sabe mesmo coisas...
Muito bom:)
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