sábado, 18 de dezembro de 2010

De novo só perante mim mesmo
sem desculpas, em ilusões, sem rodeios,
na crueza própria da realidade,
fitando nos olhos os reflexos no espelho das palavras,
penetrando no abismo das regiões proibidas,
acordando os velhos fantasmas adormecidos.
Quem procuro nos resíduos do eu estilhaçado,
que verdades estou disposto a aceitar de mim?
Uso as palavras para fazer uma anatomia do sentimentos
mas perco-me inevitavelmente no labirinto das emoções reflectidas.
Depois, só me resta forçar as memórias
até construir de mim uma imagem de sombras.
De novo só perante mim mesmo
sem remorsos, sem contas por ajustar,
humano, sem pesadelos de divindades
e sem paraísos de encomenda ou infernos privados,
criança diante dos mistérios do tempo.
Não sei e me procuro ou se fujo das origens
mas as palavras acompanhá-las-ei sempre
porque sem elas perderia a minha liberdade.

Sem comentários: