terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Na alfandega da vida inspecionaram as minhas bagagens
e só encontraram memórias e objetos inúteis
porque entretanto desisti das viagens
e fiquei num banco de jardim como um marinheiro reformado.
Limito-me a ver as ondas a embater na praia
e tenho o espaço de horizonte que me é permitido.
De vez em quando ainda tenho saudades das distâncias,
de vez em quando penso que tudo podia ser como era dantes
e imagino-me criança no pátio da velha casa.
Como toda a gente, tive sonhos épicos
mas agora sobrevivo aos dias cinzentos
sem remorsos, sem tragédias de papel.
Quando passar outra vez na alfandega
verão que abandonei os objetos
e reconstruí as memórias com palavras e silêncios.

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