domingo, 9 de novembro de 2008

Estou em prisão domiciliária,
prisioneiro de mim e dos meus fantasmas.
A prisão tem a dimensão dos meus medos e da minha memória
e cresce e diminui ao ritmo dos dias.
As janelas que invento vão construindo as paredes
e escrevo com a teimosia de quem vive nas palavras
sem no entanto as confundir com a realidade.
Não sonho uma liberdade que me tornasse menos eu,
mais igual aos cânones de uma qualquer felicidade automática,
não sonho paraísos que nos fazem esquecer que somos humanos
em troca de uma estática bem-aventurança.
No corpo arde-me a ausência de ti
e o desespero é saber que não posso recuperar-te.
Não é o destino que me retém dentro de mim
e não quero transformar os dias em rituais de tortura;
por enquanto a minha vida é isto
e sou incapaz de imaginar uma outra realidade
que não violente os sentimentos que tenho.

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