quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

De Ulisses tenho a impaciência e a finitude
mas enjoo na viagem
e perdi a ilha antes mesmo de a conhecer.
A minha Penélope cansou-se de existir,
revivo-a apenas na memória,
a sua imagem cobre-se de sombras
e tudo é nevoeiro à sua volta.
Os deuses esqueceram-me,
entretidos nas suas guerras sem sentido
mas não lhes sinto a falta.
Quando a vida me sobrar
não terei a serenidade dos heróis antigos
nem enfrentarei a morte sabendo que fiz o que devia.
Ao menos que fique de mim uma pequena esfinge feita de palavras
a inquietar aqueles que vivem num permanente aquário.

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