sábado, 13 de fevereiro de 2010

O que é que se pode fazer com os sentimentos estilhaços,
as facas, as sensações exacerbadas, os medos,
as súbitas alterações na face dos espelhos?
Permaneço imóvel como uma esfinge de pedra,
finjo que o tempo é a minha muralha
e uso as palavras como guardanapos da alma.

O que é que se pode fazer com os sentimentos lágrimas,
esta água que escorre no silêncio dos dias
e se acumula no fundo de um desespero surdo?
Permaneço na transfiguração dos momentos,
parto sem sair do meu espaço mínimo,
sei porque reconheço as fronteiras da minha ignorância,
sonho porque nem a morte me pode impedir a esperança.

No limiar de um tempo que é só meu
hesito no manuseamento dos sentimentos,
visto-os de palavras, misturo-os
num espaço delimitado pela consciência
e permaneço eu apesar de todos os naufrágios.

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