segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Utopia

Acredito que os homens não são anjos nem demónios
e que a verdade não é uma mulher nua à espera
rodeada de cristais de gelo e nevoeiros.
É preciso estilhaçar os espelhos que temos nos olhos
e que nos dão uma visão distorcida de nós mesmos
segregando heróis e vítimas, monstros do desespero,
viajantes impossíveis num oceano convertido em deserto.
É preciso reinventar utopias,
devolver à esperança a sua profunda inquietação
e plantar rosas nos subterrâneos dos centros comerciais.
Acredito que o futuro não é brinquedo dos deuses
e que Prometeu e Sísifo não são apenas mitos.
É preciso que os homens voltem a ser homens,
insuficientes, excessivos, desastrados, loucos
e que recusem o destino de robots e estátuas.
Os paraísos não têm que ser propriedade de santos
e há ainda muito para aprender no riso das crianças.

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