terça-feira, 31 de maio de 2011

Éramos dois no pedaço da praia deserta. Amanhecia.
Teriam sido fáceis as palavras
mas naquele tempo tudo era novidade
e os nossos corpos faziam persistir o momento.
Nos teus olhos eu não me limitava a ver o meu reflexo
e, se me perguntassem, diria que acreditava no amor.

Continuávamos os dois na mesma praia. Anoitecia.
As palavras eram pesadas como pedras,
eu já não te olhava nos olhos com medo do inevitável
e as despedidas foram breves e inúteis.

De nós os dois nem sequer a praia sobreviveu.
Não é noite nem dia. O tempo passa simplesmente
com aquela crueldade que julgo pertencer aos deuses.

Não posso ter remorsos por ter tido o que tive,
não posso lamentar o tempo em que fomos dois na praia.

Qualquer dia vou libertar a areia que guardei dessa praia
e então talvez o tempo deixe de ser a minha prisão.

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