quinta-feira, 26 de maio de 2011

Os maiores dramas passam-se no silêncio
e não há imagens deles a preencherem os ecrãs.
É impossível escrever todos os nomes no muro das lamentações
e algumas vezes as vítimas e os carrascos são os mesmos
aproveitando a mudança da situação
e aperfeiçoando os gestos e os gritos.
De tanto se mediatizar a violência
transformou-se a dor em hábito banal
e construíram-se edifícios de desculpas
para confirmar que a morte de alguém é apenas estatística.
Os maiores dramas não são publicitados
porque só o sofrimento encenado é espectáculo
e as vítimas que não são fotogénicas
devem absolutamente permanecer no anonimato.

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