quinta-feira, 30 de junho de 2011

Há uma sabedoria profunda nas palavras
povoada de enigmas, paradoxos e becos sem saída.
Há uma ignorância perigosa nas palavras,
a ilusão de que elas podem substituir a vida.
As palavras não são espelhos nem instrumentos dóceis,
as palavras não são metáforas de metáforas
ou colares de pérolas que alguém roubou aos deuses.
Se não houvesse em nós tantos silêncios
como poderíamos ainda acreditar no poder das palavras?

3 comentários:

JoanaGranger disse...

Há uma enorme certeza nas palavras ainda que a mesma seja apenas para gáudio de quem as escreveu. Há uma enorme incerteza nas palavras patente no impacto que as mesmas produzem nos outros e que nós ignorantes na euforia de as partilhar tantas vezes recusamos ver. E se é verdade que partilhamos, será verdade que realmente nos importamos da consciência de que alguém as lê, nos preocupamos que as consumam num cálice distinto daquele para as quais foram concebidas, poderemos resguardá-las das interpretações menos puras, ou demasiado profundas que façam das mesmas? Estaremos preparados para assumir a nudez com que tantas vezes nos mostramos perante os outros em palavras que pensámos serem apenas nossas? Não sabendo as respostas sei apenas que as palavras são a voz da alma, e perdoai a minha loucura por querer esta não cega, não urda e muito menos muda. Joana Granger

António Franco disse...

As palavras metem medo!
Ao contrário do que pensamos, elas não libertam, aprisionam. Tornam-nos cativos. Como acorrentados transportamos o seu peso.Por isso, o silêncio ecoa nas nossas mentes. As palavras são lâminas com nos flagelamos. A glória da palavra está reservada para os predestinados, aqueles que sucumbem sem falar!
O que acabo de escrever não são palavras é um desenho.

Um abraço. A. Franco

José Torres disse...

Na primeira dentada é rasgada a estranha certeza, como se pratos sobre a mesa fossem sempre porcelanas, como se tudo que fere fosse o alço da lâmina de um punhal, como se toda terra fosse plana, todo verde fosse cana, todo parecido igual.
Mas a estranha verdade que bocas abertas derramam, de nítidas, transparentes, mostram tão somente um lado do olho.