quinta-feira, 2 de junho de 2011

Não escrevo para me consolar da vida que não tenho
ou dos sonhos de que tive que desistir.
Não escrevo para recuperar o meu pesadelo de esfinge
ou disfarçar a areia de um deserto por detrás do espelho.
Não escrevo porque o tempo me falta
ou porque me cansa a miragem de uma imortalidade de papel.
Escrevo apenas porque escrevo
e isso não me transforma num esboço de destino.
Os paraísos transitórios a que conseguir chegar serão privados
e deles não ficarão registos nas folhas dos dias.

1 comentário:

SophieZiegler (+.+) disse...

O professor gosta muito da palavra "esfinge", não gosta?

E, como não podia deixar de ser, este seu poema está muito bom!

Acho que deveria voltar a tentar publicar alguns dos seus textos, porque são excelentes e merecem a atenção de muitas mais pessoas.