quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Cartas de amor

Também eu escrevi cartas de amor
mas só me sinto ridículo por não as poder continuar a escrever,
sinto-me enganado por um tempo que não teve misericórdia
e passou deixando as cartas de amor que ninguém lê.
Tenho-as na gaveta no fundo de um armário
e é como se elas estivessem no fundo da memória
num lugar inacessível mas ainda assim presente.
Não as queimei mas é como se o tivesse feito
só que o calor das suas cinzas imaginadas
cristalizou-se nos múltiplos fragmentos das imagens.
Escrevi cartas de amor, confesso
e penso que ridículos são os que nunca amaram.

1 comentário:

SophieZiegler (+.+) disse...

"(...) penso que ridículos são os que nunca amaram." - concordo também!

Adorei este, professor. É, deveras, comovente...