terça-feira, 22 de novembro de 2011

Se tive uma memória de água ela transformou-se num deserto
mas entretanto a esfinge ausentou-se para parte incerta
e nunca fui capaz de me descobrir nos nevoeiros
mesmo quando os outros retiram deles os cavaleiros andantes,
os castelos de vento e as donzelas de serviço.
Os adamastores perderam-se nas esquinas do tempo
deixando vestígios de algas e uma concha vazia,
deixando a criança que fui na orla da praia
a escrever na areia os mesmos sinais indecifráveis.
Se tive um sonho de infinito esqueci-o
e não tenho a certeza de querer recuperar a memória
porque o tempo tornou mais pequena a casa
onde só o aquário vazio faz lembrar a criança
que um dia abandonou a praia
e os sinais que continuam indecifráveis.

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