terça-feira, 22 de novembro de 2011

Quem me ler poderá pensar que me estou a lamentar
ou que transformei os dias num perpétuo sofrimento,
quem me ler poderá ter de mim a imagem de um romântico,
uma personagem bizarra do século XIX,
um poeta dos luares e das folhas caídas
prenunciando outonos de chuva e de tormentos.
Não estou fascinado pelos falsos espelhos
nem pretendo ultrapassar o aborrecimento através da dor,
não me escondo na penumbra das palavras
como se elas fossem cortinas entre mim e a realidade.
Quem me ler poderá até sentir os nevoeiros
mas esses nevoeiros não são meus
porque não espero os heróis que irão resgatar o futuro
nem sou um dos carneiros do rebanho dos deuses.
Gostaria apenas de ter forças para resistir ao esquecimento.

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