terça-feira, 27 de novembro de 2007

Infância (2)

Joguei ao berlinde, coleccionei cromos,
de joelhos no chão fiz corridas com caricas,
inventei aventuras e explorei florestas
que se situavam por detrás das casas
onde os vizinhos plantavam couves e batatas,
descobri o mistério dos livros e das palavras
e a minha infância ficou sempre com o sabor de uma história,
uma história sem heróis bem monstros
mas cheia de meninos a aprenderem a vida.
Cresci quase à minha revelia,
embalado pelo sonho de conquistar o mundo
mas a única coisa que conquistei foi a insegurança,
este meu ar de quem pede constantemente desculpa
por ser como sou inevitavelmente.
O pedaço de chão onde joguei ao pião
trouxe-o na memória,
é nele em que agora escrevo estas palavras,
outra vez criança espantado diante da vida.

1 comentário:

Donagata disse...

A infância é isso mesmo, é uma história de meninos a aprenderem a vida... disseste-o tão bem! É que depois, a idade adulta é aquela em que esses meninos gostariam de regressar aos tempos em que ao aprenderem a vida, esta tinha sabor de conto de fadas...