quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Infância

Onde estão o pião e o arco com que brincávamos,
o que foi feito do pátio e da casa enorme,
em que momento perdemos a inocência da infância?
O tempo era o nosso maior brinquedo
mas isso foi antes de termos relógios
e de sermos controlados por eles,
isso foi antes de termos agendas e calendários
para tornar os dias previsíveis e antecipados.
Inventávamos o mundo,
éramos cowboys, índios, marcianos,
podíamos ser tudo por sermos crianças
e não tínhamos imagens para nos aprisionar os sonhos.
Sabíamos talvez menos sobre as coisas
mas as descobertas eram nossas
e as sensações que tínhamos eram mais verdadeiras
porque não condiziam com as que vêm nos manuais.
Dizem que todas as infâncias são lugares mágicos
mas a nossa, por ser nossa e única,
tem uma magia que ultrapassa as palavras
e obriga-nos a libertar outra vez a criança
que o tempo submergiu neste nosso corpo das certezas.

2 comentários:

Donagata disse...

Obrigada por teres respondido tão rapidamente ao meu repto e tão bem!
Quem diria que seria possível fazê-lo em poesia...
Muito bem, parabéns.

Anónimo disse...

Lindo.

Um grande abraço.