sexta-feira, 23 de novembro de 2007

O pátio, o pião e o arco

O pátio era o meu mundo à mão
e nele girava o pião enlouquecido,
o pião ébrio em busca do seu eixo de equilíbrio.
Quando o pião adormecia acordava o arco
e não sei se era eu que o guiava
ou se era ele que me conduzia
pelos caminhos misteriosos da infância.
O pátio fechado entre quatro paredes
tinha a infinitude de um mundo de criança
e todos os dias era diferente sendo ainda o mesmo.
O pátio abandonei-o quando cresci,
fugi dele para um outro mundo mais cinzento,
escondi o pião numa gaveta proibida,
o arco ficou a um canto a enferrujar-se
tal como se enferrujou a minha memória desses dias.
Olho-me no espelho e lá ao fundo está o menino
com saudades do pátio, do pião e do arco,
o menino que queria ser grande
sem saber que quando o chegasse a ser
perderia essa irrepetível magia da infância.

1 comentário:

raquel disse...

Olá, adorei este poema.
gostava de o usar para um trabalho meu.
como poderei contactá-lo?

cumprimentos

raquel carrilho