domingo, 7 de março de 2010

Num dia cinzento desaguo no silêncio.
Tenho a alma pesada e o corpo congelado.
As horas estão suspensos no relógio
e sinto que os ponteiros abrem caminho nos meus nervos,
sinto que cada minuto é um a mais na inutilidade.
Não estou porém mais triste do que ontem
ou daquilo que estarei amanhã mesmo com chuva.
Estou em casa mas não estou à janela nem enrolado em mim,
estou como estaria se disso não tivesse consciência,
sem querer perceber os mistérios da vida
ou decifrar os incontornáveis ângulos do destino
até porque não acredito que haja isso a que chamam de destino.
Sei que lá fora é um dia cinzento
porque o meu escritório tem mais sombras
e porque o silêncio das palavras é mais profundo.
Mudei de posição e de disposição.
Pararei de escrever porque as palavras gritam,
pararei de pensar porque os sentimentos cansam
e eu quero ser sem ser
enquanto o dia for cinzento e real,

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