quarta-feira, 17 de março de 2010

Os anos passam,
possivelmente tenho rugas nos sentimentos
e os próprios pensamentos estão mais lentos
tal como a memória que se vai inexactidando.
Os calendários vão mudando na parede
e as imagens neles são sempre nostálgicas
porque recordam os dias que não podemos recuperar.
O poeta da pátria com direito a panteão nacional
dizia que se mudam os tempos e se mudam também as vontades.
Outros, porém, preferem falar apenas do futuro
prometendo paraísos ou a felicidade serena
dos que perderam o direito à rebeldia.
Os anos passam insensíveis,
indiferentes aos diferentes rumos das minhas disposições
e quando me olho ao espelho, de relance,
ainda não sei se sou quem me observo
ou se é a própria vida que se espanta
com o que fiz em nome dela.

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