sábado, 12 de fevereiro de 2011

Os homens perderam a inocência das crianças,
deixaram-na escorrer como água no deserto
ou quiseram controlá-la impondo-lhe regras e limites
até a reduzirem a um catálogo de conveniências.
Hoje, o que há nos olhos dos homens é um desespero surdo
e uma vontade absurda de se deixarem dominar pelo destino.
O que sobrou da infância está convertido em memórias
e todas elas são manipuláveis e cinzentas,
cubos com os quais construimos os arranha-céus dos nossos sonhos.
Dizem que há uma criança no fundo de cada um de nós
mas isso não é verdade:
ao crescermos à força afogamos a criança
e a esse assassínio chamamos realidade.

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