terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Tenho momentos de palavras e momentos de silêncio
mas a verdade é que os silêncios estão saturados de palavras
e todas as palavras têm a mesma matéria do silêncio.
Por isso não sei se me escondo por detrás das palavras
ou se me revelo nos interstícios angustiados do silêncio.
Talvez sejam de palavras os meus espelhos
mas neles a minha esfinge silenciosa não sorri
porque não foi concedida às esfinges a capacidade de sorrir.
Tenho momentos de palavras e momentos de silêncio
e ambos são profundos e inquietantes
deixando-me esgotado
como se tivesse viajado para além das distâncias.
Tenho momentos em que nem sequer sou eu
porque as palavras e o silêncio são estranhos a mim.
Não chamo a isto de destino
porque o silêncio das palavras ainda não inventou os nomes,
não penso muito nisso porque pensar cansa
e prefiro aconchegar-me em mim
como uma criança às portas da noite.

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