sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Senhoras e senhores, ouçam bem com atenção
que a poesia é funambulo de circo
e os leopardos verdes da memória
breve terão os despojos do dia para devorar!
Acreditem que a magia se vende nas drogarias
em pacotes com descontos especiais
e é sempre possível ter como brinde um sorriso
ou uma viagem para dois aos jardins da cidade.
As palavras são ursos amestrados
provenientes directamente da Sibéria
e até as crianças podem trazer pela trela
os monstros que habitam os pesadelos públicos.
Não queremos os silêncios cúmplices do medo,
não ficamos à espera de que o destino se cumpra,
somos muito mais do que pedras num deserto de sonhos.
A poesia é alimento e não veneno
e se querem algo para anestesiar a alma
têm a televisão e as conversas das esfinges.
A poesia é festa e circo e não velório
ou carpideira de funeral com pompa e circunstância.
Senhoras e senhores, mastiguem a poesia
e não façam dela flores para enfeitar a vida!

1 comentário:

JoanaLeça disse...

agora é que disse tudo!

Amei.