sábado, 19 de março de 2011

Há palavras que são convites ao silêncio
e outras que são desesperos mudos, gritos.
Quantas palavras cabem num olhar de medo
e quantas desilusões há numa palavra recusada?
As palavras podem ser farpas na pele dos dias,
as rugas do tempo a converter a memória num retábulo.
As palavras são sinais mas magoam com a crueldade que pomos nelas.
É difícil falar das palavras com palavras,
é como descer aos abismos da consciência,
ressuscitar fantasmas, reconstruir espelhos.
As palavras não são desejos mas têm a matéria dos sonhos,
provocam arrepios nos papeis que por elas esperam,
sabem a esperança e a mundos de infância.
É impossível falar das palavras sem palavras,
essas esfinges que nos habitam o corpo
e dizem de nós os segredos e as mentiras.

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