quarta-feira, 9 de março de 2011

Não repetirei a viagem de Ulisses.
Faltam-me as forças e já não tenho Penélope
nem ilha segura onde ancorar o meu corpo.
As sereias banhar-se-ão nas águas da minha amargura
e só Polifemo compreenderá o vazio das minhas palavras.
A verdade é que estou demasiado fechado em mim
para poder desejar o longe e a distância.
A verdade é que já não sei qual é a minha verdade
e tenho muitas zonas de sombra na memória.
Não repetirei a viagem de Ulisses.
Poderei fazer outras viagens mais serenas,
poderei ainda ter que combater os meus medos mais profundos
mas tudo acontecerá sem a intromissão dos deuses
porque estou cansado de querer uma felicidade perfeita
daquelas que se escrevem nos poemas.

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