terça-feira, 1 de março de 2011

Ninguém pode dizer que falhou na vida
porque a vida não é um autocarro que se apanha ou perde.
Entre o vazio e a esperança não há alternativa
e temos que insistir contra os muros e os medos,
temos que nos agarrar à dignidade
e à força que advém de sabermos que temos direito à felicidade.
Que ninguém nos diga que há receitas e caminhos fáceis
e não nos queiram vender paraísos onde seríamos escravos.
Já chega de pastores à procura de rebanhos dóceis,
já basta da imposição de verdades que se querem definitivas.
Ninguém pode contabilizar o valor da vida
ou decidir com rigor quem é excedentário.
Há uma perpétua inquietação que nos preenche os dias
mas por favor deixem-nos encontrar os nossos caminhos
sem que haja sempre alguém a condenar-nos
só porque não repetimos o que está nos livros.
Ninguém é dono da verdade
mas o pior é transformar a vida numa cruzada contra os infiéis.
Deixem-nos ao menos acreditar que os paraísos não são de arame farpado
e que, para sermos felizes, não temos que viver de joelhos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem, stôr! No início deste poema, até que rimou um bocadinho... Mas agora a falar a sério: escreve muito bem e gostei deste seu poema.