domingo, 8 de julho de 2007

Enche o império o papo

De guerra em guerra enche o império o papo
Até a pança inchar desmesuradamente
Dizem as avós aos netos
Numa persistente ladainha.
E eles não rebentam?
Perguntam as crianças na sua ingenuidade.
O império é velho e impenitente,
O império é monstro de mil formas
E fantasma de assustar as horas mortas,
O império é vertigem e náusea e sangue,
O império é naufrágio e cinza e esfinge.
Há nos olhos das crianças o espanto,
As palavras das avós são água na clepsidra
Mas parece que o tempo está parado,
Prisioneiro das sombras e dos labirintos,
Transmutado em minotauro na figura da morte.
De guerra em guerra,
De bomba em bomba,
De grito em grito,
De cadáver em cadáver
Enche o império o papo.
Até quando?
Inquieta-se a criança com a sabedoria do cansaço.

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